Borracha vegetal: perspectivas de mercado e algumas considerações econômicas, biológicas e políticas. Boletim técnico N. 54

Abstract

Não obstante as propriedades do lâtex extraído da seringueira e de outras plantas tropicais bem conhecidas terem sido utilizadas como agentes impermeabilizadores por muitos anos, só em 1840 ocorreu a invenção do processo de vulcanização, quando todo o potencial da borracha começou a ser explorado. Em conseqüência, a demanda cresceu pela segunda metade do século XIX, quando foi suprida através da exploração de seringueiras (Hevea brasiliensis) selvagens no Brasil. Imensos lucros conduziram ao grande "boom" da borracha, nas décadas de 1870 e 1880, com o consequente crescimento da cidade de Manaus. Com o crescimento do consumo, tornou-se evidente que o látex poderia ser mais lucrativamente produzido se explorado de seringueiras cultivadas. E nos anos 1870, as primeiras mudas foram plantadas no Ceilão nascidas de sementes contrabandeadas do Brasil. Todavia, o maior incremento no plantio ocorreu depois de 1900 na Malásia e Indonésia, vez que as terras ali eram inadequadas para outros cultivos e podiam ser compradas a preços vantajosos. O grande incremento no consumo adveio com a expansão da indústria automobilística, e entre 1900 e 1920 a demanda cresceu seis vezes, alcançando 302 mil toneladas em 1920. Em 1939 o consumo foi de 1,1 milhões de toneladas, e em 1975 totalizou 10,5 milhões de toneladas. Na década 1980 deverá alcançar 17 milhões de toneladas. Naturalmente, nos cálculos acima esta incluída a borracha sintética, a qual, desde a sua invenção, no início dos anos 1930, e especialmente durante e após a guerra, alcançou uma crescente participação no mercado. Em 1973 a borracha sintética participou com 67,7% do total consumido.