Cultivo de cacau em Várzeas Amazônicas

Abstract

o presente estudo teve por objetivo analisar as condições agronômicas e sócio-econômicas do cultivo de populações cacaueiras em várzeas amazônicas da região do Médio Amazonas, para subsidiar o estabelecimento de ações voltadas para a reestruturação e o fortalecimento da cacauicultura no estado do Amazonas. A pesquisa foi realizada abrangendo todas as propliedades cacaueiras, num total de 343 sítios, localizadas às margens do rio Amazonas, nos municípios de Itacoatiara, Silves, Urucurituba e Parintins. O produtor de cacau típico das várzeas amazônicas apresenta, predominantelnente, baixo nível de escolaridade, residência no próprio imóvel e naturalidade do estado do Amazonas. O cultivo do cacaueiro constitui-se na principal atividade econômica da propliedade rural, seguido da pesca artesanal, da pecuária de c011e e da fruticultura. O sistema de produção de cacau utilizado é de baixo nível tecnológico, expressando uma condição de semi-extrativismo, porquanto o ribeirinho realiza apenas roçagens e práticas de beneficiamento de sementes. A fertilização dos cacauais é realizada via natural pelos sedimentos em suspensão nas águas durante as inundações. Como tal sistema de produção é isento de quaisquer produtos sintéticos e implementado em completo equilíbrio com o meio ambiente, o cacau ali produzido caracteriza-se como um produto agrícola eminentemente orgânico. Existem três canais de intermediação na comercialização da produção de cacau representados pelos comerciantes da comunidade, regatões e intermediários da indústria chocolateira, estabelecendo um sistema arcaico que penaliza o produtor rural. Os fenômenos naturais das cheias do rio Amazonas e das "ten-as caídas", juntamente com a ação antrópica buscando segmentos produtivos mais lucrativos, são fatores que têm contribuído para a erosão genética das populações cacaueiras localizadas às margens do rio Amazonas. Para se promover mudanças significativas na região explorada é necessário se investir tanto em tecnologias que modernizem as atividades produtivas e sejam capazes de agregar valor ao produto final, como também no desenvolvimento cooperativo das comunidades ribeirinhas, as quais já tem um núcleo social formado que pode tomar-se num embrião para ações mais ousadas visando a elevação de sua condição sócio-econômica.